Pesquisar este blog

terça-feira, 10 de maio de 2011

Currículo coleção ou currículo integração?


Segundo do site http://www.verbetes.com.br coleção é uma reunião de objetos da mesma natureza. Podem ser coleção de objetos raros, coleção de quadros, entre outros. Mas e o currículo escolar, qual será a relação que este instrumento pedagógico - embora nem sempre se pode referenciá-lo assim – pode ter com o currículo? Para deslanchar um pequeno ensaio sobre esse tema vamos trazer considerações do contexto da sociologia critica da educação proposta por Basil Bernstein.
De acordo com Silva (2011), Bernstein considera que a educação formal é realizada por meio de três sistemas de mensagens: o currículo, a pedagogia e a avaliação. No tocante ao currículo, nosso foco de interesse neste trabalho, Bernstein destaca a idéia de organização deste como instrumentos de poder e controle. E ainda, este teórico  difere a organização curricular em dois tipos: o currículo coleção e o currículo  integrado. Este último tipo não será nosso objeto de discussão, entretanto, o primeiro, entende que as áreas e campos do conhecimento são rigidamente separados e isolados.
O currículo como coleção ressalta significados diferentes para as disciplinas. Estas parecem estanques e dissociadas, não há espaço para a articulação entre os conteúdos. Sua essência é definida com base na questão: que coisas podem ficar juntas? Um currículo tradicional organizado em torno de disciplinas acadêmicas está bem próximo do modelo de currículo coleção.  Nesse modelo o desenvolvimento do processo pedagógico não há  muita preocupação com a existência  multidisciplinar, basta ser organizado em um formato linear que atenda as necessidades pedagógicas do professor, não dando muita vez à forma como o aluno concebe o conhecimento em seu cotidiano externo a escola. Dessa forma, o estudante não tem controle sobre o que lhe é transmitido, é o professor quem dita as regras e decide o que é ensinado .
Conforme destaca Silva (2011), Bernstein criou os conceitos de “classificação” entre as diversas áreas do conhecimento que constituem o currículo. Quando mais distância no grau de isolamento maior será a classificação. Nesse sentido, o currículo coleção seria fortemente classificado.  Por outro lado, um currículo integrado seria fracamente classificado.
Falando desse ultimo modelo de currículo, destacamos que o currículo integrado favorece a interdisciplinaridade e, contrariamente ao currículo coleção, este ultimo coloca o aluno em um espaço mais acessível e livre das amarras e limitações das disciplinas demarcadas.
A teoria de Bernstein sobre tipos de currículos, embora bastante abstrusa, demonstra os limites que há entre o currículo que detém o controle  e aquele que dá margem para que o processo educativo se desenvolva livremente.

Referência:
Silva, T. Tadeu documentos de Identidade:  uma introdução às teorias do currículo. 3ª Ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.

4 comentários:

  1. De fato Patrícia, no currículo coleção as disciplinas parecem estanques e dissociadas, não havendo espaços para a articulação entre os conteúdos. De que forma você poderia contribuir para que houvesse de fato uma interdisciplinaridade no currículo?

    ResponderExcluir
  2. O conceito de interdisciplinaridade parece simples mais é bastante complexo. Existe a falsa ilusão de que interdisciplinaridade é trabalhar todas as disciplinas escolares partindo-se de um tema. E que o professor deve saber sobre o todos os conteúdos para que exista interdisciplinaridade em sua aula. Entretanto, são mitos construídos pelas práticas pedagógicas vivenciadas nas escolas.
    A interdisciplinaridade pressupões a existência de problemas vivênciados pelos alunos e que poderão ser resolvidos a partir de conhecimentos adquiridos sistematicamente durante a aprendizagem escolar.

    ResponderExcluir
  3. "(...) Dessa forma, o estudante não tem controle sobre o que lhe é transmitido, é o professor quem dita as regras e decide o que é ensinado."
    Patrícia, conhecemos o ideal de currículo, mas essa sua frase remete-se ao currículo real. Diante de tudo que aprendemos, podemos mudar essa realidade e esse deve ser nosso propósito. Achop que já temos condições de batalhar para que um currículo mais aberto e flexível se torne peça comum em nossas escolas.
    Parabéns pelo texto.
    Abraços,
    Paullus.

    ResponderExcluir
  4. Encantada com o diálogo do trio. Patrícia, a partir de um bem elaborado texto, suscitou questões. Muito bom!

    ResponderExcluir