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sexta-feira, 24 de junho de 2011

NOVO BLOG...

PESSOAL, POR FAVOR, ACESSEM O BLOG QUE EU REESTRUTUREI PARA A DISCIPLINA "TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS EM CURRÍCULO"
SERÁ ENCONTRADO NO ENDEREÇO:
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terça-feira, 10 de maio de 2011

Currículo coleção ou currículo integração?


Segundo do site http://www.verbetes.com.br coleção é uma reunião de objetos da mesma natureza. Podem ser coleção de objetos raros, coleção de quadros, entre outros. Mas e o currículo escolar, qual será a relação que este instrumento pedagógico - embora nem sempre se pode referenciá-lo assim – pode ter com o currículo? Para deslanchar um pequeno ensaio sobre esse tema vamos trazer considerações do contexto da sociologia critica da educação proposta por Basil Bernstein.
De acordo com Silva (2011), Bernstein considera que a educação formal é realizada por meio de três sistemas de mensagens: o currículo, a pedagogia e a avaliação. No tocante ao currículo, nosso foco de interesse neste trabalho, Bernstein destaca a idéia de organização deste como instrumentos de poder e controle. E ainda, este teórico  difere a organização curricular em dois tipos: o currículo coleção e o currículo  integrado. Este último tipo não será nosso objeto de discussão, entretanto, o primeiro, entende que as áreas e campos do conhecimento são rigidamente separados e isolados.
O currículo como coleção ressalta significados diferentes para as disciplinas. Estas parecem estanques e dissociadas, não há espaço para a articulação entre os conteúdos. Sua essência é definida com base na questão: que coisas podem ficar juntas? Um currículo tradicional organizado em torno de disciplinas acadêmicas está bem próximo do modelo de currículo coleção.  Nesse modelo o desenvolvimento do processo pedagógico não há  muita preocupação com a existência  multidisciplinar, basta ser organizado em um formato linear que atenda as necessidades pedagógicas do professor, não dando muita vez à forma como o aluno concebe o conhecimento em seu cotidiano externo a escola. Dessa forma, o estudante não tem controle sobre o que lhe é transmitido, é o professor quem dita as regras e decide o que é ensinado .
Conforme destaca Silva (2011), Bernstein criou os conceitos de “classificação” entre as diversas áreas do conhecimento que constituem o currículo. Quando mais distância no grau de isolamento maior será a classificação. Nesse sentido, o currículo coleção seria fortemente classificado.  Por outro lado, um currículo integrado seria fracamente classificado.
Falando desse ultimo modelo de currículo, destacamos que o currículo integrado favorece a interdisciplinaridade e, contrariamente ao currículo coleção, este ultimo coloca o aluno em um espaço mais acessível e livre das amarras e limitações das disciplinas demarcadas.
A teoria de Bernstein sobre tipos de currículos, embora bastante abstrusa, demonstra os limites que há entre o currículo que detém o controle  e aquele que dá margem para que o processo educativo se desenvolva livremente.

Referência:
Silva, T. Tadeu documentos de Identidade:  uma introdução às teorias do currículo. 3ª Ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Filme: "A Onda"


Diretor: Dennis Gansel; Ano: 2008

O filme se passa em uma escola americana com alunos do ensino médio. Durante as aulas de ciências sociais o professor Rainer Wenger decide trabalhar o conteúdo de autocracia de forma dinâmica, trazendo os elementos da Autocracia em forma de simulação durante as aulas da referida disciplina. Nessa experiência o professor Rainer assumiu a figura do “senhor” que comanda o comportamento de seus seguidores, e os mesmo, foram às ultimas conseqüências quando passaram a levar esses comportamentos para dentro de seu mundo exterior à escola – família e sociedade. Eles inventaram um movimento chamado “A Onda”. Criaram uniforme, símbolo, saudação e passaram a “pregar” a ideologia do grupo na localidade onde vivem.
Na história ficou bem claro que Rainer conseguiu criar um movimento capaz de transformar a maneira como seus alunos adolescentes viam o mundo. Um deles, aparentemente tímido e sem referencia, passou a cultuar armas de fogo e seu “senhor” como se aquela situação fictícia fosse realmente uma nova forma de vida para ele. Os alunos que foram contra a experiência acabaram sendo expulsos do grupo de maneira velada, tudo em função da preservação da nova ordem imposta pelo “senhor”.
Articulando essa história com as teorias curriculares podemos perceber que existem elementos do currículo oculto que se evidenciaram.  A nova postura dos alunos, a obediência ao “senhor”, a necessidade de estar seguindo as regras do grupo para ser aceito, são detalhes que marcam como o conhecimento está atrelado ao poder. Conforme ressalta Silva (2001:78) “(...) o que se prende no currículo oculto são fundamentalmente atitudes, comportamentos, valores e orientações...” Teorias Curriculares Criticas.

Patrícia Lisboa 


sexta-feira, 29 de abril de 2011

Pedagogia do oprimido versus pedagogia dos conteúdos


Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI
Mestrado Profissional em Ensino de Ciências

Disciplina: Tendências Contemporâneas em Currículo
Prof. Dra. Rita M. Stano

Resenha:
Pedagogia do oprimido versus pedagogia dos conteúdos

Autor: Tomaz Tadeu da Silva
Título: Documentos de identidade - uma introdução às teorias do currículo
Editora: Autêntica
Ano de Publicação: 2003

O autor inicia o capítulo conceituando historicamente as obras de Paulo Freire, Educação para a prática da liberdade (1967) e Pedagogia do Oprimido (1970). Nesse texto, de maneira particular, vamos tecer comentários a respeito da segunda obra citada.
Em Pedagogia do Oprimido Freire trás uma análise do processo de dominação que está no bojo das relações pedagógicas. Também trás uma análise das criticas sociológicas da educação institucionalizada nos países desenvolvidos.
Freire mostra o conceito de educação bancária expressa numa visão de conhecimento constituído de informações e fatos que podem ser simplesmente transferidos do professor para o aluno. Nesse sentido, o conhecimento é algo que existe de fora para dentro independentemente do sujeito e sua subjetividade.
Numa perspectiva fenomenológica, pois, não há como separar o ato de conhecer e aquilo que se conhece, Freire apresenta o conceito de “educação problematizadora”. Nesse sentido, Freire busca desenvolver uma concepção que possa se constituir numa alternativa à concepção bancária que ele critica (pg. 59).
Na visão de Freire o ato de conhecer não é isolado e individual. A intercomunicação está presente no ato de conhecer, e é mediada pelos objetos a serem conhecidos. Assim, o ato pedagógico se torna dialógico.  Nessa perspectiva, todos os sujeitos estão envolvidos no ato de conhecimento, e educador e educandos criam dialogicamente, um conhecimento do mundo.
O conceito de “educação problematizadora” norteia a proposta de um currículo onde está presente elementos do currículo tradicional. Por exemplo: conteúdos programáticos. Porém, Freire se mostra diferente na forma como se constroem esses elementos.
Nessa concepção diferenciada de currículo, é a própria experiência dos educandos que se torna fonte primária de busca de temas significativos que vão construir o conteúdo programático. E ainda, Freire reforça a importância dos especialistas e educadores que estão próximos dos educandos no sentido deles serem os indivíduos responsáveis pela organização do currículo desestruturado que deverá ser buscado na realidade dos interessados, ou seja, os educandos.
Sobre essas bases, ainda, Freire destaca em sua epistemologia a idéia de “conceito antropológico de cultura”. Nessa concepção de “culturas” não se distingue cultura popular de cultura erudita. A cultura é o resultado de qualquer trabalho humano. Essa ampliação do que seja cultura permite a Paulo Freire desenvolver uma perspectiva curricular que extingue as fronteiras entre cultura popular e cultura erudita. Assim, a chamada “cultura popular” é convidada a fazer parte do currículo.
Essa antecipação cultural sobre currículo caracterizou uma pedagogia pós-colonialista, onde, buscou-se problematizar as relações de poder entre os países colonizadores e os colonizados.
O predomínio de Paulo Freire no campo educacional brasileiro foi contestado no inicio dos anos 80 pela “pedagogia histórico-critica” desenvolvida por Demerval Saviani.  Para este ultimo autor a educação deve ser separada da política. Para ele, “uma prática educacional que não consiga se separa da política perde sua especificidade” (pg. 63).  Existe na teoria de Saviani uma nítida união entre conhecimento e poder.
A teoria de Saviani se opõe à pedagogia libertadora freiriana, porém, cumpriu um importante papel nos debates do campo critico do currículo e continua tendo a sua  importância.

Apreciação Critica:

Percebo que essa obra clássica de Paulo Freire nos apresenta uma teoria critica da pedagogia com bastante relevância quando conceitua a “educação problematizadora”, o “conceito antropológico de cultura” e a critica à “educação bancária”. Esses conceitos articulados formam uma teoria que tem como objetivo contestar uma pedagogia tradicionalista e que tem o ideal de educação como àquele que dá voz às classes dominantes e seus interesses políticos e culturais.
O contexto das “culturas”, que Freire trás à tona, aviva as diversas manifestações culturais que existem entre nosso povo como sendo aquelas que poderão nortear novos temas curriculares. Nessa concepção de cultura e educação a organização do currículo escolar ganha nova forma e significado, tornando-se significante para aqueles que o vivenciam.
Ainda, entendo que já faz tempo que Paulo Freire problematizou todas essas questões, mas a idéia de educação bancária tenta resistir ao tempo nos diversos contextos escolares onde os educadores ainda tentam ver os educados como sujeitos passivos do processo educativo, não lhes dando espaço para o manifesto curricular que emerge de suas realidades.